Os grandes homens erram e, tendo elevada estatura, ética, moral e republicana, reconhecem os mesmos, penitenciando-se ante a memória das vítimas e dos governados, numa meritória e solene atitude de humildade. Um “grande homem”, diferente de “homem grande”, faz da desculpa um princípio verdadeiro, imparcial, geral e abstracto, isento de matreirice rasca! Um líder distingue-se de um dirigente, porque enquanto aquele privilegia a justiça e os órgãos de soberania fortes, este último, favorece os algozes, escondendo por debaixo do pedestal a covardia dos assassinos e atingindo as vítimas, nominalmente identificadas.
Por William Tonet
Quem tendo magistratura de gestão pública é forte com os fracos e fraco com os fortes, escrutina limitações intelectuais e retórica rasca de mediano dirigente, alcandorado ao poder, tal como o cágado, quando refastelado no topo de uma árvore.
CAPITULO I – Os assassinatos em massa, autorizados, determinados, orientados, exclusivamente, por Agostinho Neto, com a célebre e funesta Ordem Superior: “Não vamos perder tempo com julgamentos”, em 27 de Maio de 1977, em Angola, determinaram a lei da barbárie.
Foi a institucionalização do GENOCÍDIO que assassinou 80.000 (oitenta mil) militantes e simpatizantes do MPLA, por delito de opinião, constituindo-se no segundo maior, depois do cometido por Adolph Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial, em que exterminou milhares e milhares de judeus, em câmaras ardentes, fuzilamentos, afogamentos e lançamentos do ar e ao mar de adversários, tal como a Polícia Política de Agostinho Neto: DISA praticou em obediência ao presidente do MPLA/Estado.
Eu, vítima sobrevivente desta barbárie, preso, no dia 19 de Julho de 1977, por Carlos Jorge Cajó, influente membro da DISA e assassino contumaz, por sinal um “ex-canoa” (preso do Campo de São Nicolau, no período colonial), obrigado a beber, face às sevícias, água de fezes, passar dias inteiros sem comer, receber espancamento sádicos, sem razão, regularmente, nunca esquecerei, este martírio, esta barbárie, este GENOCÍDIO!
Nunca pactuarei com a mentira nem polirei a imagem do maior responsável, pelo maior GENOCÍDIO, em África depois da II Guerra Mundial! Ele será incapaz de ser apagado da minha memória, pelos rios de sangue, em que naveguei e vi esvaírem-se camaradas inocentes.
Nunca aceitarei a retórica de ter havido uma tentativa de golpe de Estado por parte das vítimas, nem que me invadam a mente com milhões e milhões de barras de ouro.
O 27 de Maio foi a consagração da maldade de um homem, convertido em herói, por fazer da eliminação dos adversários, o modus operandi de se manter no poder.
No 27 de Maio de 1977, não havia dois lados beligerantes, mas um: de Agostinho Neto, Lara e C.ª, quais vampiros assassinos, que sugaram o sangue de milhões, sem dó nem piedade, muitas vezes superando, pelo “modus operandi”, a PIDE-DGS-colonial e a GESTAPO de Hitler.
Nunca esquecerei aquele, inesquecível e triste dia, em que o meu algoz (Carlos Jorge – Cajó), num sadismo indescritível, irrompe o local onde os presos estavam a ser espancados e a esvair-se em sangue, dando-me um forte golpe, com um ferro, na parte traseira da cabeça e, no final, manda-me limpar o salão da tortura (cerca de 30 m2), coberto de sangue, com a língua. Este era o masoquismo do DISA Cajó, pupilo de um não menos insensível chefe; Agostinho Neto, que sem razões, por obsessão ao poder, espancava e assassinava cidadãos inocentes, como faz qualquer GENOCIDA!
Eu, ASSUMO: Agostinho Neto, para mim, ao formar um exército de carrascos covardes e assassinos, que prendiam por sadismo e matavam sem julgamento, converteu-se num médico profundamente insensível e assassino, que torturou milhares de camaradas inocentes, que nunca lhe quiseram derrubar, pelo uso da força bélica!
Nunca aceitarei receber um título ou certidão de óbito
tendo como pano de fundo a imagem ou estátua de Agostinho Neto.
Seria o mesmo que aceitar que Angela Merkel concedesse
certidões de óbito aos judeus junto à imagem ou à estátua de Adolph Hitler.
É uma escabrosa e monstruosa MENTIRA alguém, no seu juízo perfeito, afirmar ter havido, em Maio de 1977, uma tentativa de golpe de Estado, por parte de um grupo de cidadãos/militantes e, por via disso, determinaram a reacção dantesca e desproporcional do governo “socialista de sanzala” do MPLA, segundo Artur Queiroz, logo, MENTEM! São MENTIROSOS CONSCIENTES!
Condeno essa retórica, por ter sofrido na alma e na pele a maldade de Neto e dos seus “Tontons Macoutes”, Cajó, Pelinganga, Veloso, Wadjimbi, Moscovo, Laborinho, Marta, Ludy Kissassunda, Onambwe, Tony Laton e tantos outros, que assassinaram e prenderam inocentes, por covardia e boçalidade mental.
Intelectualmente, Agostinho Neto e a sua equipa de algozes de A a Z, eram medíocres (será que deixaram de o ser?) e quem defende a prática de assassinatos selectivos por parte de um governo é mentecapto, por assentar a retórica, na mentira, falsidade e vampirismo ideológico.
Gostaria de acreditar na totalidade do discurso do Presidente da República, do dia 26 de Maio de 2021, pela parcial ousadia, ao falar em perdão, num gesto POSITIVO, mas, depois, ao colocar as vítimas como responsáveis dos assassinatos e de terem “morrido e ficado presas”, mancha o gesto de desculpas, pois esconde a maldade do MPLA/77, por debaixo do tapete e dos covardes assassinos no casaco, num claro indício de branqueamento da imagem do maior responsável pelo GENOCÍDIO: Agostinho Neto!
Na política não há coincidência, pois quem rememorar os últimos actos de João Lourenço esbarrará na homenagem à tortura e aos assassinatos sem julgamento, ao elogiar, também, a título póstumo, um outro genocida, do MPLA, Ludy Kissassunda, como um grande patriota. Francamente. É preciso haver memória e noção de que o MPLA não é Angola, nem Angola é o MPLA.
Se Ludy Kissassunda, ex-director da tenebrosa DISA, foi um grande patriota, por fazer parte de uma funesta “clique da morte”, condecorado em Diário da República, ele é, exclusivamente, herói e patriota do MPLA, enquanto este partido estiver no poder, com capacidade de esconder a motivação e verdade, sobre quem assassinou adversários internos e inimigos, por delito de opinião. Um assassino só é herói no seu covil, no seu séquito, nunca num país plural e intelectualmente higiénico, principalmente, quando ainda campeia a acção canibalesca dos algozes do 27 de Maio de 1977.
CAPÍTULO II – Quando, no 27 de Maio de 2021, ouvi, na RTP-África, num programa de Victor Hugo Mendes, Artur Queiroz falar, com propriedade masoquista de golpe de Estado, mortes de comandantes e civis, por parte dos alegados fraccionistas e de estes terem tido julgamentos em tribunais marciais, só me restou a catalogação de asno, pois os seus informantes, enganaram-no, são mentirosos e tornaram-no, igualmente, um mentiroso, como se fosse alguém com o cérebro ligado ao intestino grosso, um falsário, um mercenário no jornalismo, que acredito não assumir. No pedestal da sua idade, não aceite, cavalgar, unicamente, com a retórica dos algozes, quer estes estejam em Portugal ou Angola, para não se converter em mais um assassino ideológico.
Falar em blindados de última geração, na posse da 9.ª Brigada é colocar-se ao ridículo, pois só os mentirosos têm essa barroca retórica. Nunca, houve, naquela época, blindados de última geração, em Angola, mas o BRDM-2 e os tanques T34 e T55 e os angolanos só tripulavam os BRDM (carros de assalto) da URSS e não superavam os dos sul-africanos, nem eram uma enormidade. Eram poucos, pouquíssimos, menores que os números que tinham timbrados nas laterais. Sabe dizer, quantos eram? Não, porque o seu informante é MENTIROSO! Vou rememorar-lhe, a mente e dos seus informantes mentirosos, os tanques foram utilizados, pela primeira vez, depois da independência para a libertação do Soyo, numa ofensiva saída de Caxito (Janeiro a Fevereiro de 1976) e estes, eram exclusivamente tripulados por cubanos. Só depois desta libertação, houve uma formação de militares angolanos, para domínio destas máquinas, porque até aí, só dominávamos os BRDM. No final do curso, foi nomeado como comandante, o valoroso, esse sim, herói, Mariano Eduardo João Luís, o homem que travou, com o seu BRDM-2 o tanque sul africano, em 1975, antes de 11 de Novembro. Portanto na Batalha de Kifangondo nunca participaram tanques, como está no monumento, mas BRDM-2.
É a verdade histórica!
Já reparou, que todos quantos querem emprestar higiene intelectual à história são diabolizados? Eu já fui e sou uma dessas vítimas, pois tive a batoqueira retórica acusatória de ser agente da CIA, da UNITA, Savimbista, violador de crianças, não ser jurista, quando os meus algozes saberem de direito, menos que um aluno do 2.º ano, tal as barbaridades que cometem contra o Direito e as leis em vigor. Coincidentemente, são, por falta de argumentos, os mesmos epítetos, lançados contra o actual inimigo do MPLA: Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA.
O MPLA, ninguém me contou, eu vivi, desde os três anos de idade, quando o meu pai me levou para os húmus libertários, da qual, aliás, sou o cidadão n.º 813, natural da 1.ª Região Político Militar do MPLA, logo sei do que falo, tendo, ainda o suporte de testemunhos dos reais protagonistas.
Mais, senhor Queiroz é uma grosseria dizer que os nitistas mataram o comandante Nzanji e os demais comandantes ligados a Neto. MENTIRA! Ninguém, se não eles mesmo o fizeram, para alimentar a narrativa de golpe de Estado, com sangue a correr e os assassinatos selectivos, para depois os imputar as vítimas, já presas e assassinadas, como magistralmente, o fizeram, com o controlo dos meios de imprensa públicos, Neto, Lara, Iko Carreira, Ludy e C.ª.
A retórica da tentativa de golpe, surge como justificativa, para encobrir um GENOCÍDIO que depois fugiu ao controlo do seu mentor-chefe, Agostinho Neto, que, caro Queiroz, jurou: “Não vamos perder tempo com julgamentos”. Uma pronúncia ditatorial, GENOCIDA!
É MENTIRA ter havido tribunais marciais militares, pois os seus contactos, os algozes, deram-lhe falsas informações, que o ridicularizam, quando as pronuncia, porquanto ninguém foi julgado, senão pelas balas assassinas. Ainda assim quero que aprenda, definitivamente, uma verdade, publicamente, assumida, por mim, quem matou os comandantes, Nzanji, Bula, Saidy Mingas e companhia, foi Tony Laton, assessor de Onambwe. Ainda está vivo e o chefe, logo, desafio-o a provar o contrário, na presença dele, para não continuar a navegar, nos mares dos algozes, podendo ainda trazer para debate os covardes, Cajó, Veloso, Pelinganga, Wadjimbi, Marta, todos feitos “heróis de sarjeta”, pelo volume dos macabros assassinatos.
Por outro lado, quando doravante, quiser falar da 9.ª brigada, peça-me alguns subsídios, não sou detentor de muitos, como outros co-sofredores, mas são credíveis. Já se perguntou, porque razão o comandante da 9.ª Brigada, David Moisés, “Ndozi”, e o seu chefe do Estado Maior, França Ndalu, não terem ido presos, como responsáveis máximos da unidade, ao contrário do resto da cadeia de comando?
Sabe que cerca de 15 mil militares, foram parar às fedorentas masmorras do regime e de lá só saíram 497 vivos?
É hora das pessoas que quiserem falar do 27 de Maio de 1977, higienizarem as línguas, como imperativo de ética, moral e verdade, pois misturar-nos com algozes é de quem adora chafurdar na lama e subverter a história.
O senhor Artur Queiroz, repito, talvez mal informado, diz que o MPLA lutou pela independência. Sim! Mas falta com a verdade quanto ao seu real propósito, pela própria prática, onde se nota, somente um projecto de manutenção do poder, para substituir o colono e perpetuar-se, sem nunca ter um verdadeiro projecto de sociedade, de tal monta, que em 46 anos de poder absoluto (quiçá, precise de mais 100 anos), não consiga elaborar um programa eficaz, sequer, para limpar Luanda, cheia de monturos de LIXO, numa verdadeira indecência, em pleno século XXI.
O MPLA não tem um programa capaz de fornecer água, regularmente, aos cidadãos, pese ter gasto milhões e milhões de dólares;
Não tem escolas e hospitais públicos decentes, capazes de atenderem os cidadãos;
A miséria e a fome, principalmente, no tempo de JLO, superam as do período colonial;
As doenças e epidemias aumentaram mais do que no colonialismo;
A educação é pior do que no tempo colonial.
A justiça do MPLA é negativamente, pior que a justiça colonial, que prendia e julgava os revolucionários, muitos saindo das cadeias vivos, como Agostinho Neto, ao contrário da barbárie nas cadeias do MPLA/Estado. Eu sei do que falo, porque estive na Cadeia de São Nicolau, com o meu pai, no tempo colonial, lá estudei e aprendi uma profissão, mas depois da independência, estive preso na República Popular de Angola, no 27 de Maio de 1977, altura em que quatro membros da família foram injusta e barbaramente presos: Guilherme Tonet (meu pai); dois tios meus: Alberto e Fernando Tonet, ambos enterrados vivos e eu: William Tonet. A diferença das cadeias (colonial e actual) é abismal, tal como comparar uma pocilga e uma suite, de um hotel de 5 estrelas…
Os índices de vida, todos, pioraram com a chegada de Neto/MPLA, ao poder. Foi inaugurado o capitalismo incubado e a corrupção, em 1975, com a criação das “Lojas do Povo” e “Loja dos Dirigentes”, contrários a filosofia socialista. Se, em 1976 e seguintes, quisesse comer queijo, fiambre, bom azeite, bife de carne de primeira, tinha que comprar ou corromper um trabalhador, para que esse cedesse o cartão da Loja dos Dirigentes. Essa é a prova da corrupção se ter iniciado no tempo, sendo o subsídio milionário de Eugénia Neto, desde 1979 e, agora, os montantes guardados por Carlos São Vicente, seu genro, uma prova incontornável…
Mais, o MPLA, não venceu nenhuma guerra no Kuito Kwanavale ou Kuando Kubango, contra os sul-africanos e UNITA. Perdeu-a(s)! Quem tinha o projecto de derrotar a UNITA, não negociar, com fantoches e lacaios dos apartheid, não aderir ao multipartidarismo, sempre foi o MPLA.
A UNITA dizia defender a democracia, a economia de mercado e a realização de eleições, até então inexistentes na República Popular de Angola.
Ora, depois da guerra de 1987/88, a UNITA, tendo este partido, conservado a Jamba, Likua, Mavinga e Longa, as suas principais e emblemáticas bases e capital política, levado o MPLA a negociar directamente, com Jonas Savimbi, alterar a Constituição partidocrata, adoptar o multipartidarismo, a democracia e a realização das eleições, não fica difícil, perceber quem perdeu e ganhou…
Sobre a Comissão de Lágrimas e o seu papel, ao dizer que Pepetela, Manuel Rui, Luandino Vieira e C.ª apenas ouviram todos os presos, tendo sugerido a sua libertação é uma mentira escabrosa, pois seria bom, perguntar ao Pepetela, porque depois de ouvir o Abel António vindo de Moscovo e o Carlos, estes foram imediatamente, assassinados. Estou disposto ao contraditório e exibição de provas!
Falar do 27 de Maio de ouvir dizer, pela voz dos algozes e não ter a versão das vítimas, não deve orgulhar quem se diz jornalista, por mais de 5, 6, 7, 8, 9 10 ou 100 décadas, sob pena de, aí sim, ser considerado, activista da morte, mercenário da pena, pois não deve ser, sem razão, que num dado momento do seu percurso, acusou o MPLA de implantar um socialismo de sanzala, alegadamente, dizem, as fontes do sistema, com nome e rosto, para forçar um contrato de trabalho.
Por outro lado, acredito que, doravante, qualquer escroque, que ofender a memória das vítimas do 27 de Maio de 1977, por 30 dinheiros, terá a resposta devida, pois não vão continuar imunes no púlpito da mentira e covardia.
Finalmente, lanço um desafio, um repto, incluindo ao Presidente da República: abrace(m) a VERDADE, a humildade, a ética, a sinceridade e a imparcialidade histórica. Mas se quiserem continuar no caminho errado da história, mostrem-nos um local, uma sala, uma repartição, um quartel, uma esquadra, onde haja um buraco de bala, um arsenal de armas, uma base militar, um carro de combate, um Kamaz, em posse dos fraccionistas. Mais, se nós invadimos a Rádio Nacional de Angola, mostrem o RM (registo magnético) de uma gravação de Nito Alves, Zé Van Dúnem ou outro, anunciando a tomada do poder, a destituição de Agostinho Neto e a instalação de um novo regime. Sabem porque é que isso não é feito, até hoje, porque só houve um lado, que exterminou, logo tem o regime de alimentar a retórica da MENTIRA maliciosa e covarde, porque quem dá um golpe de Estado, ao tomar uma rádio ou televisão, a primeira coisa que faz é produzir declarações, anunciando o controlo da situação, ainda que esta venha a ser de curta duração.